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Pesquisa aponta a importância da paternidade após a separação de casais

  • Publicado: Sexta, 03 de Agosto de 2018, 15h10

DiadoPais03082018

Após rompimentos conjugais, mais de 87,6% das crianças passam a ficar sob a guarda das mães, 5,4% têm a guarda compartilhada entre os ex-companheiros, 5,3% ficam com o pai e cerca de 1,6% passa a viver com outros responsáveis. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados em 2011, indicam que a relação entre pais e filhos muda após os divórcios. E na semana que antecede o dia dos pais, um estudo realizado pelo pesquisador Janari Pedroso, professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Pará (UFPA). aponta a importância da paternidade após a separação de casais.

Janari Pedroso alerta para a importância da presença do pai na vida dos filhos e os riscos da alienação parental. Trabalhando com os cuidadores, ou seja, pessoas que cuidam de crianças e adolescentes em diferentes situações, o pesquisador ressalta que há uma mudança significativa na formação das famílias e tem crescido o número de casos de pais que, após o fim da relação conjugal, assumem sozinhos a guarda e os cuidados com seus filhos. Além disso, mesmo quando a guarda fica com a mãe, o pai continua a ter um importante papel.

Presença do pai – Janari Pedroso afirma que a presença dos pais é fundamental para o bom desenvolvimento das crianças, independentemente do tipo de formação familiar. Monoparental (apenas com um dos pais); nuclear (formada por pai, mãe e filhos); família extensa (quando tios, avós e primos passam a fazer parte do cotidiano das famílias); homoafetivas femininas ou masculinas, o que realmente é essencial é que este pai esteja presente.

“A relação com o pai influencia nas futuras relações. Entre meninas, por exemplo, influencia suas futuras relações com companheiros e amigos. Quando a figura do pai é descontruída e essa criança cresce pensando que todos os homens são perversos ou não são confiáveis, como estabelecer relações com o sexo oposto? É uma situação prejudicial ao desenvolvimento infantojuvenil”, defende.

No trabalho clínico, o psicólogo da UFPA também observou a importância de manter relações honestas sobre a paternidade. “É um vazio, uma ausência o ‘não ter pai’, e na clínica, por vezes, vemos casos de pais que ressurgem. Crianças que crescem achando que não têm pai, que ele morreu ou que não assumiu a paternidade, e o pai ‘aparece’ anos depois, seja na figura de um pai que a procura ou na informação de algum parente que revela que este pai pode estar vivo. É uma situação complicada, um vazio que pode não ser refeito e  envolve a questão da mentira e da confiança nas relações familiares.”

Alienação parental prejudica crianças - Para o pesquisador, após o fim do relacionamento conjugal, quando a mãe fica exclusivamente com a guarda dos filhos e há um afastamento do convívio com o pai, essa ruptura pode prejudicar o desenvolvimento da criança.

“Ás vezes, até inconscientemente, a mãe pode contribuir para a desconstrução do pai. Quando ele fica limitado a visitas no fim de semana e quando, nesses períodos, sempre há uma festa de aniversário, um compromisso ou mesmo a suposta recusa da criança em ‘ir com o pai’, essa relação fica comprometida. Por vezes, é a mãe que tem dificuldades nesta convivência e pode influenciar a criança e até mesmo gerar situações em que obriga o filho a escolher com quem ficar, o que é ruim para a criança, que não tem como lidar com isso.”

De acordo com Janari Pedroso, juridicamente a alienação parental (ou seja, quando o genitor que está com a guarda da criança influencia negativamente os filhos em relação ao genitor ausente) pode ser punida e levar à revisão da guarda, mas “ainda é difícil comprovar que a alienação parental está ou não ocorrendo. Temos um judiciário que, tradicionalmente, vê a mãe como a melhor cuidadora, mesmo quando não é esse o caso, e temos ainda uma deficiência de profissionais de Psicologia que consigam avaliar essa alienação.”

Não é a mamãe - O pesquisador da UFPA também ratifica a importância de incentivar a presença do pai na vida dos filhos, mesmo após separações. Em casos de mães que cuidam sozinhas de crianças, “a forma como ela constrói esse outro que não está presente, tentando manter esta relação, pode ajudar a preencher essa referência ou indicar outra presença. A criança também encontra recursos para lidar com o desaparecimento de uma figura de cuidado, por meio, por exemplo, de um objeto transicional, como um urso de pelúcia, quando um dos cuidadores ‘desaparece’ de seu convívio cotidiano”, detalha.

E acrescenta: “Ninguém exerce igualmente a função de cuidado. Duas mulheres, dois homens, pai e mãe, avós e pais, a criança percebe a diferença do que é pai e do que é mãe, também a partir do contato com o que ‘não é pai’ e com o que ‘não é mãe’. Além disso, a função do cuidador masculino se faz presente com pais, irmãos, tios, amigos, avôs e até mesmo com a fantasia de um objeto transicional."

Janari Pedroso acrescenta que um bom pai é aquele atento às necessidades da criança, que busca estabelecer um bom vínculo afetivo, estabelece limites e disciplina, que é constante e disponível, que mostra também que pode errar e pedir desculpas e que pode chorar. “O que vai determinar um bom desenvolvimento infantil é a qualidade da relação com seus cuidadores”, finaliza.

Texto: Assessoria de Comunicação da UFPA
Foto: Alexandre de Moraes

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