Países debatem direitos dos povos indígenas e das populações tradicionais e uso sustentável da biodiversidade

Desde terça-feira, 7, até esta sexta, 10, Belém recebe visitantes de mais de 40 países para participar do Belém+30. O evento tem o objetivo de discutir os direitos dos povos indígenas e das populações tradicionais, bem como o uso sustentável da biodiversidade em todo o planeta. Com a participação de representantes de instituições de pesquisa e representantes das comunidades tradicionais de diversos países, a programação lotou o Hangar-Centro de Convenções da Amazônia durante quatro dias.

Para dar início à programação do evento, participaram da mesa de abertura o presidente do Belém+30, Flávio Bezerra Barros, o reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional, Alex Fiúza de Mello, o presidente da Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia,Gustavo Soldati, a presidente da Sociedade Internacional de Etnobiologia, a diretora do Museu Paraense Emílio Goeldi, Ana Luisa Albernaz, Verna Miller, professora da UFRGS, Elaine Elisabetsky, e os representantes dos povos tradicionais, cacique Raoni Kayapó, cacique Caté, cacique Amauri Kayapó e Iracema Caté.

Declaração de Belém - O evento marca os 30 anos da Declaração de Belém, elaborada em 1988 para definir o trabalho dos pesquisadores em relação à garantia dos direitos de povos indígenas e comunidades tradicionais. Flávio Barros, presidente do congresso, ressaltou a importância de avaliar e atualizar as diretrizes definidas no documento. “É fundamental sairmos daqui com a Declaração de Belém revisada e renovada, para que nós possamos atuar cada vez mais como defensores dos direitos dos povos”, afirmou.

Para Gustavo Soldati, presidente da Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia, é importante promover este debate sobre a defesa dos territórios dos povos tradicionais. “Mais do que tratar a sociobiodiversidade enquanto uma simples riqueza de saberes, propomos uma compreensão política na qual esta sociobiodiversidade é vista como um grito popular em defesa dos territórios, pois sem território não há sociobiodiversidade”, garantiu.

Dentro deste contexto, o cacique Amauri Kayapó frisou a luta que os indígenas têm em defesa do seu território e destacou a participação dos representantes das populações locais no congresso. “Estamos aqui também para buscar e trocar conhecimento para que tenhamos um melhor diálogo ao defender nosso território. Vamos seguir esse caminho para proteger a nossa terra”, declarou.

Papel da universidade - Emmanuel Tourinho, reitor da UFPA, falou sobre o empenho da Universidade para produzir conhecimento e contribuir com a transformação da região amazônica, que é marcada por exclusão e por desigualdades. “Temos esse compromisso de trabalhar pela construção de uma sociedade que seja justa, solidária, que respeite a diversidade e os direitos de todos os povos”, pontuou.

O reitor citou a importância da educação e da ciência como meio para combater as desigualdades e destacou iniciativas que já vêm sendo realizadas pela Instituição. “Precisamos de um projeto de desenvolvimento da Amazônia que promova o respeito aos direitos de todos. Pensamos que um projeto dessa natureza requer um sistema robusto de produção de conhecimento e a interlocução permanente com os movimentos sociais e com os governos”, concluiu.

Congresso – O Belém+30 é uma promoção da Sociedade Internacional de Etnobiologia (ISE) e a Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia (SBEE). Em Belém, a organização foi realizada pela UFPA, pelo Museu Paraense Emílio Goeldi e pela Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp), em parceria com diversas outras instituições de ensino e pesquisa do Brasil e de vários países.

O evento, que encerra-se nesta sexta-feira, 10 de agosto, reuniu o XVI Congresso Internacional de Etnobiologia, o XII Simpósio Brasileiro de Etnobiologia e Etnoecologia, a IX Feira Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação e, também, a I Feira Mundial da Sociebiodiversidade. A programação contou com mesas-redondas, debates, apresentação de trabalhos, minicursos e oficinas.

Texto: João Pedro Bittencourt – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Nayana Batista