Alunos da UFPA poderão ter formação mais personalizada, com a flexibilização dos currículos
O que um aluno de Física faria no curso de Medicina ou um estudante de Jornalismo no curso de Meteorologia? A flexibilização de parte do currículos dos cursos de graduação é um dos projetos da Universidade Federal do Pará (UFPA) para melhorar a qualidade do ensino na Instituição. A proposta deve ser votada pelo Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) ainda em outubro, mas os debates sobre a mudança estão sendo realizados há vários meses.
Durante a realização do XXXII Fórum de Coordenadores, no município de Salinópolis, a flexibilização curricular foi um dos principais temas de debate. “Não vejo problemas para que um aluno de Física curse uma disciplina em Medicina, se ele estiver interessado em entender os efeitos dos impulsos elétricos sobre o corpo humano, por exemplo”, citou Adilson Oliveira do Espírito Santo, coordenador do Campus Salinópolis.
O reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, explicou que a proposta é que os cursos que desejarem (a flexibilização, se aprovada, não será obrigatória), destinem entre 10% e 30% de sua carga horária total a disciplinas que os próprios alunos escolham entre tudo que a UFPA oferece, em todas as áreas, em todos os campi. Essas disciplinas, portanto, poderão ser de outro curso, unidade acadêmica e até mesmo de outra instituição. “Não podemos impor a uma turma com 40 pessoas que todas passem todo o seu tempo na universidade fazendo as mesmas coisas, tendo os mesmos interlocutores. São pessoas diferentes, com interesses e potenciais diferenciados”, defendeu o reitor.
Para o dirigente da UFPA, a mudança é uma necessidade, pois a sociedade atualmente demanda profissionais com autonomia intelectual, capacidade de interagir com diferentes sistemas de conhecimento e aptos a desenvolver soluções inovadoras para problemas complexos. Em geral, esses desafios requerem o trabalho transdisciplinar e multidisciplinar. “No Brasil, as universidades apenas agora começam a dar maior atenção a essa questão e estão todas buscando atualizar os seus modelos de formação”, afirma Emmanuel Tourinho.
Formas de flexibilização – A proposta em discussão também prevê a oferta de disciplinas de graduação pelos Núcleos da UFPA, que são as unidades em que a interdisciplinaridade está mais consolidada, mas, em geral, atendem apenas a alunos da pós-graduação. Outra possibilidade é permitir aos alunos a escolha de disciplinas flexibilizadas, usando parte da carga horária das chamadas atividades complementares.
Roseane Fernandes, assessora multicampi da Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (Proeg), relembra que “é papel da Universidade propiciar e estimular o protagonismo dos alunos, e a flexibilização faz isso”.
Em suas falas, os coordenadores dos campi questionaram pontos operacionais, especialmente os ligados à implantação do novo sistema, porém todos acreditam que, apesar das dificuldades inerentes ao período de implantação e adaptação - que é necessário, a proposta deve ter um elevado impacto positivo para os alunos e para a universidade de maneira geral, pois estimula o contato com várias áreas do conhecimento, projetos, ações e, principalmente, com pessoas que possuem diferentes olhares sobre a realidade.
Texto: Glauce Monteiro – Assessoria de Comunicação da UFPA
Fotos: Alexandre Moraes
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