Aluna do Parfor Artes Visuais apresenta TCC em quilombo, no município de Bragança
A aluna Edna Monteiro Pinto entrou para a história do Plano Nacional de Formação de Professores da UFPA (Parfor) ao apresentar, no dia 15 de fevereiro, seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em uma comunidade quilombola, no município de Bragança. Orientada pela professora Luana Beatriz Lima Peixoto e coorientada pela professora Cláudia Leão, a concluinte falou sobre o reconhecimento e empoderamento do corpo da mulher negra "começando pela cabeça e pelos cabelos".
O trabalho foi aprovado com excelência e indicado para publicação. Com o título "Corpo e beleza da mulher negra e quilombola do América: experiência de cuidado, amor e reconhecimento de si", a pesquisa foi realizada com a Associação Remanescente do Quilombo do América (Arquia), que é liderada por quinze mulheres.
Durante mais de dois anos, a aluna do Parfor promoveu, com o apoio da presidente da Arquia, Rosete de Araújo, oficinas de beleza e ensinamentos sobre a importância no processo de autorreconhecimento como mulher negra.
"O projeto surgiu durante o curso de Artes Visuais, em 2014. Traz uma abordagem de autorreconhecimento como mulher negra e do processo de ensino aprendizagem recebido durante as aulas da faculdade, que contribuíram para esse empoderamento em uma sociedade de embranquecimento. Escolhi o quilombo e as mulheres quilombolas por ter tido a oportunidade também de conhecer, durante o curso, onde as mulheres quilombolas apresentavam o mesmo problema de negação e não reconhecimento da sua identidade como mulher negra", explica Edna Pinto.
Protagonismo da mulher negra - A apresentação do trabalho no quilombo foi motivo de comemoração. Para Rosete de Araújo, da Arquia, é uma maneira de falar de respeito pelos quilombolas, do seu modo de vida e de reconhecimento.
"Como eu disse a ela quando chegou aqui: 'se tu conseguir que duas, três participem, já é uma vitória'. Porque, antes, as mulheres do quilombo alisavam seus cabelos ou andavam com ele presos e, hoje, elas estão com seus cabelos soltos, com seus cachos ou com panos, lindas", conta a líder quilombola.
"Um dos símbolos do processo da diáspora de povos africanos, que foram levados forçadamente para as Américas e a Europa na condição de escravos, é a Árvore do Esquecimento. No porto de Ouidah, no Benin, antes de cruzarem o grande mar, mulheres e homens africanos tinham que dar 7 e 9 voltas, respectivamente, nessa árvore, para esquecerem suas culturas, tradições, suas famílias e seus nomes. O trabalho de Edna Monteiro é o movimento inverso, é sobre a libertação coletiva. É como se, de mãos dadas, ela e as mulheres quilombolas da América fizessem o caminho inverso nessa árvore. Este trabalho é uma árvore da memória para a mulher negra e quilombola", afirmou a orientadora do trabalho, Luana Peixoto.
Edna Pinto, que trabalha em uma creche em Bragança, pretende dar continuidade à sua pesquisa e poder ensinar tudo o que aprendeu no curso do Parfor. "Quero continuar levando essa experiência desse processo de ensino aprendizagem do qual ocorreu meu empoderamento como mulher negra para a Educação da localidade. Estou pleiteando minha remoção para a comunidade do América, juntamente com a Arquia, para seguir com o trabalho proposto na intervenção do TCC", afirma.
Texto: Thais Rezende – Ascom Parfor
Fotos: Divulgação/Parfor
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