Ir direto para menu de acessibilidade.

Seletor idioma

ptenes

Opções de acessibilidade

Página inicial > Ultimas Notícias > CRF-UFPA sistematiza dados para superar conflitos socioambientais nos bairros Terra Firme e Guamá
Início do conteúdo da página

CRF-UFPA sistematiza dados para superar conflitos socioambientais nos bairros Terra Firme e Guamá

  • Publicado: Sexta, 08 de Março de 2019, 15h24

CAPA esconformidades urbanas no bairro do Guamá

Lotes com delimitações de muros, casas com estrutura improvisada, esgotamento sanitário rudimentar, dimensões de terrenos com desconformidades urbanísticas, moradias construídas de forma improvisada e com necessidade de investimentos para combater a exclusão social e econômica imposta às comunidades dos bairros Terra Firme e Guamá. Essa realidade consta do levantamento feito pela Comissão de Regularização Comissão de Regularização Fundiária da Universidade Federal do Pará (CFR-UFPA) em 7.733 cadastros, 3.154 processos montados com documentação completa e 2.500 requerimentos de moradores dessas comunidades, além de inúmeras visitas aos bairros, resultando numa análise socioambiental urbana de aproximadamente 2 mil lotes, conforme informações de Myrian Cardoso, professora da Faculdade de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFPA, integrante da CRF-UFPA e responsável pela sistematização dos dados. “Esta área é considerada como Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) e exige um plano urbanístico específico, conforme o Plano Diretor de Belém”, alerta a professora. 

A análise ambiental constatou 14 demandas comunitárias mostrando a ausência de saneamento básico e de necessidade de melhorias estruturais e habitacionais, que impedem o direito à segurança jurídica do terreno e da moradia e o acesso pleno aos serviços urbanos da cidade, além de produzir a expectativa de possíveis conflitos vicinais entre os moradores, resultando no aumento das estatísticas de violência urbana.  O estudo dos 1.935 lotes demonstrou que cerca de 71% dos lotes (1.366 terrenos) têm desconformidades urbanísticas, conforme legislação municipal vigente. Mais de 700 lotes (38%) são passíveis de alagamento e carecem de melhorias sanitárias e 973 terrenos (50%) não possuem delimitação de muro ou cerca, gerando a expectativa de conflitos vicinais e fundiários entre os moradores. (Veja tabela completa aqui).

PROTOCOLO Frente da fachada da moradia de Jucelino e Maria no bairro do GuamáProtocolo - A análise socioambiental é base para consolidar o protocolo metodológico de atendimento multidisciplinar que integrará diversas instituições que atuam nos dois bairros a fim de promover a regularização fundiária e a mediação conflitos urbanos por meio do Projeto Convivência Socioambiental: regularização e mediação de conflitos urbanos, que será uma segunda do Projeto de Regularização Fundiária Urbana: uma questão de cidadania e engenharia social, ocorrido em 2008 em parceria com a UFPA, o Governo do Estado do Pará, a Superintendência do Patrimônio da União (SPU) e o Cartório de Registro de Imóveis Cartório 2º Ofício. “É uma iniciativa piloto construída com a participação da comunidade para combater a exclusão e as desigualdades sociais visando atender às demandas dos moradores, além de exercitar o ensino, a pesquisa e a extensão ”, ressalta Myrian.

Para Ana Clara Fonseca, discente do 7º semestre do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPA e estagiária da Comissão, a visita ocorrida no começo de março, na casa de Jucelino e Maria dos Santos Ribeiro, localizada no bairro  Guamá, permitiu um olhar profissional, social e crítico na hora de projetar as medidas do terreno e da moraria para construir a planta baixa do lote. “Com esta planta assinada por um profissional e uma declaração da UFPA de que a casa está em processo de regularização fundiária, a família pode ter acesso aos recursos públicos, como o cheque moradia, para as melhorias socioambientais e superar os conflitos urbanos locais. Isso faz muita diferença”, enfatiza Ana Clara.

ATENDIMENTO Edivan estagiário de Direito atua na linha de frente de atendimento comunitárioAtendimento - Segundo Edivan Nascimento, graduando do curso de Direito do Instituto de Ciência Jurídica (ICJ) da UFPA, que atua na linha de frente do atendimento comunitário, a construção do protocolo metodológico envolve, ainda, os servidores do Núcleo de Pacificação e Prevenção da Polícia Civil do Governo do Estado do Pará (NUPREV/PA), que atuam na Unidade Integrada Pro-Paz (UIPP), no bairro Terra Firme. “Dados da UIPP, analisados no estudo, revelaram que a Unidade atendia de 10 a 12 casos de conflitos diários com essas demandas”, relata o futuro advogado.

SONHOS Maria Ribeiro no espelho meu sonho é dizer que a casa é minha e de meu esposoSonhos - Maria dos Santos Ribeiro tem 69 anos e é moradora da Passagem Fé em Deus, no bairro Guamá, casada com Jucelino da Cruz. Eles são aposentados e sobrevivem com dois salários mínimos. O casal recebeu a visita técnica das equipes da Comissão no começo de março. “Somos os primeiros moradores da rua. No inverno, a rua fica cheia de lama.  Não temos saneamento básico. Quando a fossa enche, utilizamos o carbureto para reduzir o volume dos resíduos. Temos água da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa), mas ela chega fraca. Compramos uma bomba para jogar a água para a caixa, aumentando as despesas com energia. Pago R$ 613,00 de IPTU e R$ 260,00 de Rede Celpa. Quero abrir uma janela e um balancinho para circular o ar e ter mais claridade da luz solar. Sonho levantar o piso, pois, quando chove, a casa alaga. Meu sonho é dizer que a casa é minha e de meu esposo. Assim podemos deixar para os nossos filhos com estas melhorias”, projeta.

Texto e fotos: Kid Reis - Ascom- CRF-UFPA

registrado em:
Fim do conteúdo da página