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Semana do Meio Ambiente: os impactos ambientais sofridos pelas bacias hidrográficas no contexto urbano

  • Publicado: Terça, 08 de Junho de 2021, 15h25

SMA Bacias

A chegada do período de estiagem das fortes chuvas que atingem a região amazônica nos meses de dezembro a março é um alívio para quem sofre com alagamentos, recorrentes em algumas áreas específicas em toda a Região Metropolitana de Belém. Este ano, as cheias causaram transtorno, principalmente aos motoristas que transitam pela BR-316, única via de entrada e saída na Cidade das Mangueiras. As chuvas, somadas à falta de cuidados com os canais e com a bacia do rio Uriboca, em Marituba, geraram grande impacto ambiental. O Projeto “Cartografia ambiental das bacias hidrográficas urbanas de Belém”, da Faculdade de Geografia, da Universidade Federal do Pará (UFPA), estuda e monitora as bacias ao redor da capital paraense.

Segundo o coordenador, professor José Edilson Cardoso Rodrigues, o projeto foi pensado para desenvolver pesquisas diante da realidade atual das bacias urbanas que Belém apresenta. “Ao longo do tempo, observamos que as bacias vieram passando por várias transformações causadas por ações de macrodrenagem, ocupação, perda de cobertura vegetal, canalização, retificação, assoreamento, o que nos levou a gerar um Atlas Ambiental de Bacias Urbanas que possa servir como instrumento ao poder público em mitigações dos impactos ambientais sofridos por essas bacias que drenam a cidade de Belém”, explica José Edilson. 

O projeto tem o apoio do Laboratório de Geografia Física (LAGeof) e do Laboratório da Informação Geográfica (Laig) e conta com a participação dos professores Luziane Mesquita da Luz, Carlos Bordalo, Eder Mileno, Alan Nunes e Rita Oliveira, além de alunos da graduação e bolsistas de iniciação científica. 

Mapa BaciasNa avaliação do coordenador, há uma carência de informações ambientais sobre a situação dessas bacias. “Isso despertou o nosso interesse em fazer uma caracterização física e socioeconômica das bacias, a fim de obter sua configuração e a importância delas para o meio urbano de Belém.”, observa. José Edilson informa que uma das principais funções das bacias é drenar a água da chuva, uma vez que a capital paraense é uma cidade de alto índice pluviométrico. Porém o excesso de volume hídrico vem causando o transbordamento dos canais e das bacias urbanas. 

O Atlas serve ainda como fonte bibliográfica que democratiza a informação disponível sobre o assunto. A pretensão é gerar material educativo para distribuição nas escolas, já que, muitas vezes, os próprios moradores não sabem que residem em uma área de bacias. Além disso, o documento traz indicadores ambientais, tanto em aspectos físicos (morfologia, vegetação, solo), quanto socioeconômicos (renda, escolaridade, tipo de moradia etc.). De acordo com as pesquisas realizadas, a forma física das bacias e o tipo de ocupação pelo qual elas passam estão intimamente relacionados. 

Área continental - O projeto considera apenas as bacias da área continental. “Belém é um município que tem dois ambientes bem distintos: a área continental e a área insular, esta última, portanto, formada por ilhas. À priori, estamos catalogando apenas as bacias como a do Reduto, da Tamandaré, da Estrada Nova, do Tucunduba e do Una, além de alguns estudos sobre a bacia de Val de Cães e a do Mata Fome. Atualmente, a área continental é formada por 15 bacias, já delimitadas tecnicamente por nós em cima de cotas topográficas que variam a cada dois metros, e ainda encontramos mais duas, que ainda vamos investigar”, conta o coordenador. 

O objetivo, agora, é focar na parte norte de Belém, onde estão bacias como do Cajé, do Paracuri, do Macacuera, do Anani e do Maguari, as quais são pouco estudadas por estarem bem afastadas da área central, mas já apresentam ocupação desordenada. Já as bacias da área sul sofrem com grande concentração populacional, circulação de pessoas e veículos. A elas, serão incluídas as bacias do Murucutun e do Auará para novas investigações de pesquisa. “É muito importante conhecer as bacias para que entendamos os problemas urbanos que vivemos atualmente, um deles é o das inundações e alagamentos”, diz Edilson.

Mapa Bacia MaritubaUriboca - A realidade hídrica do município deve ser levada em conta no momento de realizar os ordenamentos urbanos, uma vez que as inundações causam transtornos à população, prejuízos financeiros, problemas de saúde, além dos impactos ambientais. A professora Luziane Luz estuda especificamente as bacias do rio Uriboca e seus afluentes. “O Uriboca nasce nas vertentes colinosas do rio Guamá, localizadas ao sul da BR-316, e deságua em direção ao norte, no rio Mocajutuba, que drena em direção ao furo do Maguari. Então, a altitude média na nascente do rio Uriboca é de cerca de 30 metros e, quando ele passa por baixo da famosa ponte sobre o rio Uriboca na BR-316, está em uma altitude de 5 metros, de modo que, lá, forma uma grande planície de inundação, daí a grande quantidade de água que observamos na localidade nos períodos de cheias”, explica.

A pesquisadora aponta que, nas últimas décadas, toda a área da bacia do rio Uriboca vem sofrendo com amplas obras de infraestrutura, como a construção da Av. Independência e da Alça Viária. “A implantação dessas vias levou ao desmatamento de grandes áreas de floresta e à utilização de uma considerável quantidade de aterro para a construção e finalização desses eixos viários de alta circulação”. Recentemente, também as obras dos terminais do BRT, em Marituba, causaram o aumento da impermeabilização na área da bacia, o que, por vez, aumenta as inundações no baixo curso do rio Uriboca, o que acarreta os alagamentos em área de confluência de rios e rodovias. 

Segundo Luziane, o uso do solo nas proximidades do rio Uriboca é essencialmente urbano, o que faz com que o baixo curso do rio sofra com o adensamento, a perda de cobertura vegetal, a utilização de solo exposto pela retirada de materiais de construção etc. “Além disso, na área de influência das bacias, mapeamos cinco cemitérios, o que aumenta muito o risco de poluição das águas tanto superficiais quanto subterrâneas, já que os afluentes do rio drenam essas áreas e lá desembocam”. Nas proximidades da nascente, ainda, está localizado o Aterro Sanitário de Marituba, no divisor de águas das bacias, em área de relevo, o que agrava bastante a situação.  

Soluções sugeridas - Isso quer dizer que os problemas e a condição ambiental das bacias hidrográficas estão intrinsecamente relacionados ao manejo inadequado desses rios urbanos. Alternativas para contornar os impactos causados, conforme enumera a pesquisadora, seriam ações de ampliação das áreas verdes para melhorar a infiltração e a permeabilidade das bacias, a revitalização dos rios e igarapés, o reflorestamento de solos expostos e a criação de cinturões verdes, observando que a mudança no regime de chuvas, que está associada às mudanças climáticas, ocasiona também transformações no regime fluvial. 

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Texto: Jéssica Souza – Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Imagens: Arquivo do Projeto

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