UFPA foi território da resistência em defesa da Amazônia durante o X Fórum Social Pan-Amazônico
De 28 a 31 de julho, a Universidade Federal do Pará foi o território de múltiplos encontros e debates sobre o “Outro mundo possível” para a Amazônia, reunindo representantes da diversidade de povos e populações amazônidas, durante o X Fórum Social Pan-Amazônico. Foram dias intensos de interação e reflexão sobre questões ambientais, climáticas, territoriais e humanitárias envolvendo as diferentes realidades vividas na região.
O evento começou na quinta-feira, 28 de julho, com uma grande marcha que culminou no ato de abertura, no centro de Belém, com a presença de organizações da sociedade civil, movimentos sociais, lideranças e caravanas dos nove países da Pan-Amazônia: Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.
Desde então, uma série de atividades foram sediadas no Campus da UFPA às margens do Rio Guamá, com a participação de povos indígenas, quilombolas, camponeses, ribeirinhos, extrativistas e populações urbanas. Nas Casas de Saberes e Sentires, foram realizados debates sobre a “Mãe Terra”, as resistências das mulheres, os bens comuns da natureza, os direitos dos povos e os territórios e autogovernos.
O Centro de Eventos Benedito Nunes da UFPA também foi palco de importantes encontros, como as reuniões do Tribunal dos Direitos da Natureza, no dia 29 de julho, e do Tribunal de Justiça e Defesa dos Direitos das Mulheres Pan Amazônicas e Andinas, no dia 30 de julho, com a presença de lideranças de diversas localidades da região amazônica.
Na tarde do dia 29 de julho, ocorreu o Ato em Homenagem aos Mártires da Amazônia, que recordou a história de mulheres e homens que foram assassinados em decorrência de suas ações em defesa dos direitos dos povos da região. Com estandartes, músicas, bênçãos, vídeos e poesias, foram homenageadas as vidas de Chico Mendes, Irmã Dorothy Stang, Dom Pedro Casaldáliga, Bruno Pereira, Dom Phillips, Wilson Pinheiro, Cacique Emyra Wajãpi, Irmã Cleusa, Paulinho Guajajara, Vicente Cañas Costa, Dilma Ferreira Silva, Nilce de Souza, Padre Josimo, Nicolasa Nosa de Cuvene, Padre Alcides Gimenes, Irmã Maria Agustita de Jesus, Alejandro Labaka, Inés Arango, do casal Zé Cláudio e Maria e do Povo Yanomami. Após as atividades no auditório, o ato seguiu até a orla da UFPA.
No sábado, 30 de julho, houve a exibição do filme “Pisar Suavemente na Terra”, dirigido e produzido por Marcos Colón, seguido de debate com a participação do diretor, de outros membros da equipe e das lideranças indígenas que participaram do filme: Katia Silene Akrãtikatêjê, Mara Régia, Manoel Muduruku, José Manuyama e Ailton Krenak.
Ao longo dos dias do evento, ainda ocorreram atividades autogestionadas e paralelas, com rodas de conversa, encontros ecumênicos, manifestações artístico-culturais, feiras de artesanato, mostras, cineclubes, oficinas, entre outras.
Encerramento - Na culminância da programação, na manhã do dia 31 de julho, houve o ato de encerramento do X Fospa, com ampla programação cultural com grupos e artistas de diversos países. Na ocasião, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) presenteou a Universidade Federal do Pará com uma muda de samaumeira (exuberante árvore típica da região amazônica), a ser plantada no campus da UFPA em Belém como símbolo e memória da reunião dos povos promovida pelo Fórum na UFPA.
O reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho, ao receber o presente, agradeceu a parceria do MST com a Universidade e disse que o movimento será convidado para o plantio e acompanhamento do crescimento da árvore no campus. O reitor também destacou a importância da relação da instituição com os movimentos sociais e organizações da sociedade civil: “Nós queremos uma universidade que faça diferença na vida dos povos da Amazônia. Queremos trabalhar em sintonia com as aspirações, as expectativas e as lutas dos povos da região. Receber o Fospa na Universidade Federal do Pará foi uma enorme alegria. Estávamos todos aqui discutindo as mais graves ameaças e agressões à Amazônia, mas ao mesmo tempo sentíamos uma esperança e uma confiança energizantes. Aqui nós nos reconhecemos como irmãos, alimentamos nossa capacidade de unir esforços e cultivar a solidariedade”.
Emmanuel Tourinho ainda destacou: “Para o futuro que queremos, nós precisamos de Educação e de Ciência. A Universidade Federal do Pará é uma instituição que reconhece o enorme valor dos conhecimentos ancestrais na nossa região e quer dialogar com todos esses saberes dando a sua contribuição. Nós precisamos desses conhecimentos e da ciência para construir um projeto de sociedade com justiça e com direitos para todas as pessoas”.
O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, também falou da importância do evento: “A Amazônia quer ser ouvida, os povos da Amazônia têm que dizer sobre o seu futuro. A solidariedade é um princípio entre nós, que somos vários povos de países diferentes e, ao mesmo tempo, somos um povo amazônida. O Fospa trata dos povos da Amazônia, mas trata também do futuro da humanidade”.
Luiz Arnaldo Campos, coordenador geral do X Fospa, disse quão gratificante foi realizar o evento: “Chegamos ao final do Fórum com o sentimento de alegria, de felicidade, mesmo tratando de temas tão duros e difíceis, porque foi um encontro de um projeto de esperança. Também foi um encontro com representatividade. Nós reunimos aqui nesses dias pessoas e movimentos sociais de nove países, tivemos aqui povos de muitos indivíduos e povos de poucos indivíduos, todos importantes”, declarou.
Ao final do ato, ainda foi lida, em português e em espanhol, a Declaração Pan-Amazônica de Belém, que sistematiza as propostas políticas e ações discutidas no X Fórum Social Pan-Amazônico sobre valorização da diversidade, combate à desigualdade e à violência, diálogo entre saberes, respeito a todas as formas de vida, soberania dos povos, entre outros temas. O documento encerra apontando a necessidade de um compromisso global: “O Fospa continuará a tecer alianças com diferentes movimentos sociais ao redor do mundo a fim de expandir ações para superar a crise humanitária, ambiental e climática, e para influenciar órgãos governamentais internacionais a adotarem políticas que sejam consistentes com este propósito global”.
Texto: Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Fotos: Alexandre de Moraes, João Freitas e Erick Coelho - Ascom UFPA
Redes Sociais