Painel organizado pela UFPA discute o papel das universidades públicas no desenvolvimento da Amazônia
O papel das universidades públicas no desenvolvimento da Amazônia foi tema de um painel organizado pela UFPA na programação do segundo dia dos Diálogos Amazônicos, 5 de agosto, com a participação de representantes de outras nove universidades federais da região.
Responsáveis por 70% da produção de ciência na Amazônia, as 13 universidades federais da Amazônia Legal congregaram-se em rede para a criação do Centro Integrado da Sociobiodiversidade Amazônica (Cisam) não só para somar esforços, mas também para dar saltos na produção de conhecimento e interação com a sociedade.
O reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, coordenou o painel e afirmou: “As nossas universidades federais não estão aqui para fazer ensino e pesquisa apenas, mas também transformar a vida das populações amazônicas. Para isso, precisamos de investimento. Estamos construindo essa interlocução entre quem está aqui e aquelas pessoas que têm o poder de decidir sobre o nosso futuro. As nossas universidades com os compromissos que têm não estão acomodadas com o que fazem”.
Por meio de oito áreas temáticas, as pesquisas e os relatórios do Centro terão como eixo mostrar que não dá para falar sobre o estudo da biodiversidade amazônica dissociado do estudo da sociodiversidade. “Não é uma iniciativa isolacionista, mas a agenda de pesquisa sobre a Amazônia tem que ser pautada pelos pesquisadores da Amazônia e os recursos para pesquisa sobre a Amazônia devem vir prioritariamente para as instituições amazônicas”, ressaltou Emmanuel Tourinho.
A reitora da Ufopa, Aldenize Xavier, defendeu a destinação de mais recursos para a pesquisa sobre a Amazônia para as universidades da Amazônia e disse que o maior diferencial dessas instituições é o diálogo com as populações e os povos que aqui vivem: “Temos reconhecimento pelas populações tradicionais do trabalho que realizamos. Nós conseguimos transformar as realidades, fornecendo mecanismos, conhecimentos e tecnologias”.
Francisco Costa, reitor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), citou a grande capilaridade e dimensão da atuação do sistema de universidades federais na região, com mais de 80 campi nos nove estados da Amazônia Legal. “São mais de 10 mil pesquisadores, com um arcabouço de conhecimento profundo associado aos grupos de pesquisa que têm colaborado com a região. Essa rede de pesquisadores tem todas as condições de contribuir para um modelo de desenvolvimento sustentável de dentro para fora, em que as decisões não sejam afastadas de quem está na ponta”, argumentou.
Para Ana Cristina Soares, vice-reitora da Universidade Federal do Amapá (Unifap), “O tema do painel demonstra o papel político das universidades. Nós, como universidades, precisamos dar respostas, problematizar e propor soluções; não só ensinar, mas também contribuir para o desenvolvimento econômico e social da nossa região. Temos particularidades políticas, regionais e sociais e precisamos discutir as condições atuais e futuras do ensino superior”.
A pró-reitora de Pesquisa da Universidade Federal do Norte do Tocantins, Kênia Ferreira Rodrigues, defendeu: “A pesquisa na Amazônia tem uma cara que é a cara das universidades públicas da região. Temos que corresponder às necessidades dos povos da Amazônia, conectar-se mais com as comunidades e comunicar melhor o que fazemos. Estar mais próximo do povo”. Ela propôs a criação de um programa de mobilidade dos estudantes para conhecer as universidades amazônicas e o maior investimento em internacionalização com parceria com os países da pan-amazônia.
Leandro Battirola, pró-reitor de Pesquisa da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), elogiou a criação do Centro como uma iniciativa que traz luz sobre a pesquisa na Amazônia em sua diversidade. “Quando falamos de Amazônia, reconhecemos que temos muitas Amazônias”.
Também participaram do painel a reitora da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Herdjania Veras de Lima; o reitor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Sylvio Mário Puga Ferreira; e o vice-reitor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Josimar Batista. Na plateia, participaram pesquisadores, gestores e estudantes de universidades amazônicas.
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Texto: Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Fotos: Alexandre de Moraes – Ascom UFPA
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