BNDES e Instituto Cultural Vale apoiam projeto da UFPA para restauro do Complexo dos Mercedários
Uma conquista para o patrimônio histórico e cultural de Belém. Nesta quarta-feira, 4, a Universidade Federal do Pará (UFPA), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (Fadesp) e a Arquidiocese de Belém do Pará assinaram o contrato de financiamento do “Projeto Cultural de Restauro e Reabilitação do Complexo dos Mercedários”. O projeto da UFPA será ainda apoiado pelo Instituto Cultural Vale e, para isso, foi assinado um memorando de entendimento, com a interveniência da Fadesp, Fundação de Apoio da UFPA.
O ato solene foi presidido pelo reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho, e contou com a participação do governador do estado do Pará, Helder Barbalho; do prefeito da cidade de Belém, Edmilson Rodrigues; do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante Oliva; do presidente do Instituto Cultural Vale, Hugo Barreto; do arcebispo de Belém do Pará, Dom Alberto Taveira Corrêa; e do diretor da Fadesp, Roberto Ferraz Barreto. Também participaram da cerimônia a diretora do Polo Mercedários UFPA, Thais Sanjad; a diretora da Faculdade de Conservação e Restauro, Rose Norat; a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Patrimônio, Flávia Palácios; membros da Administração Superior da UFPA; parlamentares; autoridades federais, estaduais, municipais e integrantes comunidade acadêmica da UFPA.
“Este é um momento especialmente importante para a Universidade Federal do Pará, para o município de Belém e para toda a população paraense. O restauro do Complexo dos Mercedários consolida o projeto do Polo Mercedários UFPA, garantindo as condições para o desenvolvimento de todas as ações planejadas para este espaço, ações acadêmicas, científicas e culturais. Além disso, este será um polo irradiador de iniciativas voltadas à conservação do patrimônio cultural paraense em vários outros ambientes, contribuindo para a recuperação de nossa história e para a afirmação da identidade do povo paraense. Somos muito gratos a todas as pessoas e instituições que estão tornando possível a realização desta grande iniciativa da UFPA, em especial ao BNDES, ao Instituto Cultural Vale e às Professoras Thais Sanjad, Rose Norat e Flávia Palácios, coordenadoras do Laboratório de Conservação, Restauro e Reabilitação da UFPA e autoras do projeto de restauro”, apontou o Reitor em seu pronunciamento.
O projeto de restauro do complexo, elaborado pela equipe do Laboratório de Conservação, Restauro e Reabilitação (Lacore), da UFPA, foi submetido a um edital público do BNDES em 2021 e aprovado em 2022. A liberação do financiamento foi anunciada em junho deste ano. Os recursos do banco provêm da iniciativa “Resgatando a História”, que apoia a recuperação do patrimônio histórico material, imaterial e de acervos memoriais de todo o país. “A restauração desse espaço não se limita à restauração do patrimônio e da arquitetura do prédio, ainda que seja fundamental, afinal é um dos poucos exemplares do estilo na Amazônia. É a nossa contribuição também com a recuperação da história e das referências histórico-sócio-culturais”, afirmou o presidente do BNDES.
O governador do estado, Helder Barbalho, destacou o potencial e a riqueza histórico-arquitetônica paraense e defendeu que “a obra vai fazer com que o Polo Mercedários possa se transformar em um grande centro cultural que vai agregar ao conjunto de locais históricos da nossa capital, que preservam a memória, que valorizam a história e que são utilizados para que Belém possa diversificar as suas áreas que fortalecem e potencializam a arte e a cultura, como instrumento de vocação turística e lazer para a sociedade”.
O diretor presidente do Instituto Cultural Vale, Hugo Barreto, em sua fala, destacou a importância de se celebrar a revitalização e o restauro da Igreja das Mercês e do antigo Convento Mercedários e parabenizou a equipe da UFPA envolvida na elaboração do projeto. “A data de hoje representa o desfecho de um trabalho colaborativo em torno de um propósito comum, que é o patrimônio, por meio da recuperação desse conjunto arquitetônico precioso não só para o estado, mas também para toda a região amazônica. Quem não preserva sua memória não constrói um futuro digno”, refletiu Barreto após a assinatura do Memorando de Entendimento entre o Instituto Cultural Vale e a Fadesp.
Arquiteto de formação, o prefeito de Belém lembrou a importância histórica do espaço localizado em uma região privilegiada da cidade. “O restauro do Polo Mercedários UFPA é um presente para a cidade de Belém, para o Centro Histórico e para toda a população que poderá usufruir e interagir com o espaço”, celebrou.
Para Dom Alberto Taveira, arcebispo de Belém, a revitalização do espaço religioso destaca a memória e viabiliza a vivência da fé dentro do contexto de valorização do patrimônio cultural. “Aqui temos um exemplo de partilha. O Estado, a Universidade e a Igreja estão em conjunto nesta ação. Não temos dúvida e ficamos orgulhosos em contribuir com o crescimento da nossa sociedade e da cultura e com aquilo que não pode ser arrancado da vida do paraense, que é a força da experiência Mariana”, declarou.
“Fazendo um resgate da trajetória percorrida até aqui, lembramos que não foi um caminho fácil. Agradecemos o empenho das professoras Thais Sanjad, Rose Norat e Flávia Palácios, que sempre estiveram à frente do projeto e hoje comemoramos com entusiasmo esta assinatura”, completou o diretor da Fadesp, Roberto Ferraz Barreto.
Espaço reunirá atividades acadêmicas, científicas e culturais
Além das atividades acadêmicas e científicas já em andamento, o espaço abrigará a nova Galeria de Arte da UFPA (GAU), uma livraria da Editora da UFPA (ed.ufpa), um Museu de Ciências do Patrimônio Cultural, um projeto de ensino da Escola de Música da UFPA (EMUFPA), um cineclube, um novo auditório com capacidade para 175 pessoas e um espaço expositivo para atividades relacionadas à vocação do ambiente. Reservas técnicas do Lacore e de Arqueologia também integram o escopo do projeto.
Com a assinatura do contrato, o projeto segue para as tratativas administrativas que envolvem, entre outras ações, o início do processo licitatório para as obras. A previsão é que as atividades de restauro e reabilitação iniciem até o mês de dezembro. O projeto prevê a execução total das obras em 36 meses.
“As obras serão executadas em etapas. Nosso cronograma prevê que o andar térreo do Polo Mercedários será integrado, completamente finalizado, às atividades da Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP-30, que será realizada em Belém, em 2025. Toda a obra será aberta, o espaço não deixará de funcionar e a comunidade terá acesso aos trabalhos”, detalhou Rose Norat, diretora da Faculdade de Conservação e Restauro (Facore). “O centro histórico de Belém é uma grande sala de aula. A obra de restauro e revitalização do complexo também será. As atividades de pesquisa, ensino e extensão não serão interrompidas”, garantiu Thais Sanjad, diretora do Polo Mercedários UFPA.
Como espaço privilegiado no centro da cidade, o Polo Mercedários da UFPA vai se tornar um equipamento acadêmico e cultural de enorme valor para a população de Belém e visitantes, com significativo impacto para a preservação, a conservação e o restauro do patrimônio cultural amazônico.
O restauro do conjunto arquitetônico inclui novas instalações elétricas, hidrossanitárias, de drenagem pluvial e esgoto, além de acessibilidade, segurança e combate a incêndios. Também está prevista a aquisição de equipamentos para o Lacore da UFPA.
Histórico – O Complexo Mercedários de Belém é um conjunto arquitetônico composto pela Igreja das Mercês e pelo antigo Convento dos Mercedários, cuja construção teve início em 1640 e foi refeita a partir de 1748, após um grande incêndio. O espaço religioso foi um dos maiores e mais importantes conventos coloniais da região amazônica. A igreja constitui um dos quatro exemplares de fachadas com perfil côncavo existentes no país.
Após a sua desativação, em 1777, o convento foi incorporado ao patrimônio da União, tendo recebido atividades variadas. O espaço foi cedido à UFPA pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU), no dia 23 de março de 2018, por meio de autorização publicada no Diário Oficial da União. No dia 9 de abril de 2018, ocorreu a assinatura do contrato de cessão na Reitoria da UFPA. No dia 26 de outubro do mesmo ano, foi aprovada a criação do curso de Graduação em Conservação e Restauro e do Mestrado em Ciências do Patrimônio Cultural, que iniciaram as atividades em março de 2019. Para o início dessas atividades, a UFPA já investiu em recursos próprios e de emendas parlamentares e captou recursos em editais públicos para o financiamento de projetos.
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Texto: Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA
Fotos: Oswaldo Forte
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