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UFPA homenageia José Saramago em Colóquio Internacional que discutiu o legado do escritor português

  • Publicado: Terça, 30 de Agosto de 2022, 17h08

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Nos três dias do Colóquio “José Saramago: palavra, pensamento, ação”, a Universidade Federal do Pará (UFPA) celebrou o legado do único escritor de Língua Portuguesa agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura. De 22 a 24 de agosto, houve conferências, palestra e mesas-redondas sobre a obra, o pensamento e a atuação social de José Saramago. Em um ambiente festivo que atraiu grande público, a programação também contou com sessões de lançamento de livros.

O evento iniciou na tarde do dia 22 de agosto com a apresentação da Orquestra Sinfônica Altino Pimenta, da Escola de Música da UFPA, sob a regência do maestro Miguel Campos Neto e da maestra Cibelle Donza, com a participação da solista Dayse Addario. Na sequência, participaram da mesa de abertura o reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho; o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues; a vice-cônsul de Portugal em Belém, Maria Fernanda Pinheiro; a presidenta da Fundação José Saramago, escritora e jornalista Pilar del Río; e o curador do colóquio, professor catedrático da Universidade de Coimbra e comissário para o Centenário de José Saramago, Carlos Reis.

A programação do primeiro dia de colóquio ainda contou com a conferência “José Saramago: a ficção como lugar de resistência”, proferida por Carlos Reis, com apresentação de Germana Sales, professora da UFPA e cocuradora do evento. Carlos Reis também lançou e autografou o livro Literatura e Compromisso. Textos de doutrina literária e de intervenção social, com selo da Editora da UFPA (ed.ufpa) e da Fundação José Saramago, que compila textos de autoria de Saramago, com seleção, introdução e notas do curador do colóquio

4Múltiplos Saramagos - No dia 23 de agosto, ocorreu, pela manhã, a palestra “Todos os Nomes: uma lição da nova história”, proferida por Teresa Cristina Cerdeira da Silva, professora titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com apresentação de Carlos Reis (Universidade de Coimbra/Fundação José Saramago). 

Em seguida, a mesa-redonda “Saramago para quê?”, coordenada pela professora da UFPA Juliana Maia de Queiroz, discutiu como a obra e o pensamento do escritor português, com forte teor humanista, convocam os(as) leitores(as) à reflexão e à ação cidadã. Integraram o diálogo Pedro Fernandes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Maria Luiza Scher Pereira, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF); e Tânia Maria Pereira Sarmento-Pantoja, da UFPA.

5No período da tarde, a mesa-redonda “Leituras Plurais de Saramago”, coordenada pelo professor da UFPA Fernando Maués, apresentou, sob diferentes perspectivas, interpretações da trajetória literária e de vida do escritor, com a participação de Maria Lucilena Gonzaga, da UFPA; Mauro Dunder, da UFRN; Amarílis Tupiassú, da UFPA e da Universidade da Amazônia; e Aldrin Moura de Figueiredo, da UFPA.

Pilar del Río, jornalista, tradutora e presidenta da Fundação José Saramago, ministrou ainda a conferência “Os sonhos de Saramago”, sendo apresentada pelo reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho. Pilar abordou as obras e os momentos de vida de José Saramago, sob o ponto de vista de quem conviveu com o autor e com ele compartilhou experiências e sentimentos únicos.

8Após a conferência, Pilar autografou a edição brasileira do livro A intuição da ilha - os dias de José Saramago em Lanzarote, escrito durante a pandemia. A obra foi pré-lançada nacionalmente durante o Colóquio pela Companhia das Letras, com a presença do fundador e diretor da editora, Luiz Schwarcz, também convidado do evento.

Amor aos livros - O último dia do colóquio, 24 de agosto, teve a participação dos editores Luiz Schwarcz, da Companhia das Letras, e Plínio Martins Filho, coordenador editorial da Editora da Universidade de São Paulo (EDUSP), em mesa mediada por Simone Neno, coordenadora editorial da ed.ufpa e uma das curadoras do colóquio. Simone iniciou a apresentação dos convidados agradecendo a produtiva e generosa colaboração de Plinio Martins Filho, “que (re)construiu a Editora da Universidade de São Paulo, a Edusp”, com a Editora da UFPA, iniciada em 2009, ocasião em que foi convidado a atuar como editor da Coleção Diálogos de Platão, edição bilíngue, publicada pela ed.ufpa. Sobre Luiz Schwarcz, Simone disse que seria impossível celebrar o centenário de Saramago, em Belém ou em qualquer outro lugar do Brasil, sem a sua presença: “O que teria sido essa história, no Brasil, sem você? Na verdade, você merece o agradecimento do público leitor brasileiro pelo conjunto da obra de editor”. Simone também narrou alguns episódios que levaram à publicação, pela ed,ufpa, de textos de Saramago.

9Os editores Luiz Schwarcz e Plínio Martins Filho, em suas apresentações, falaram de suas experiências; do papel do(a) editor(a) sempre nos bastidores da publicação de livros; do compromisso com os(as) autores(as) e os(as) leitores(as) que todo(a) editor(a) precisa ter; e dos desafios do mercado editorial brasileiro na atualidade. Luiz Schwarcz contou como iniciou a relação profissional e de amizade com José Saramago, tornando-se o principal responsável pela edição e circulação das obras do escritor no Brasil. Plínio, por sua vez, falou da sua trajetória na Edusp, como editor e também formador de novas gerações de editores(as).

Questionados sobre o que fazer para seguir carreira como editor no mercado editorial brasileiro, Luiz Schwarcz respondeu que, em primeiro lugar, é preciso gostar de ler e, depois, atuar como ponte entre o autor e o leitor, uma vez que, para ele, “é o leitor que faz o livro”. Plínio Martins Filho respondeu que o “prazer do editor é organizar o caos, sistematizando o livro e intermediando a obra e o leitor”. 

10Com esse mesmo sentimento de amor aos livros e à leitura, a Editora da UFPA montou, para os dias do evento, no hall do CEBN, um cenário com a réplica da biblioteca de Saramago em sua casa de Lanzarote, em que era possível fazer a leitura das lombadas dos milhares de livros que compõem o acervo particular do escritor. O estande da ed.ufpa também foi uma atração no evento, com a venda de livros do catálogo da editora, incluindo as obras de José Saramago Literatura e Compromisso. Textos de doutrina literária e de intervenção social (2022), Da Estátua à Pedra e Discursos de Estocolmo (2013) e Democracia e Universidade (2013), coedições com a Fundação José Saramago; Diálogos com José Saramago (2018), de Carlos Reis; assim como A intuição da Ilha - os dias de José Saramago em Lanzarote, de Pilar del Río (Companhia das Letras, 2022), e todas as obras de José Saramago publicadas pela Companhia das Letras. Os títulos da ed.ufpa estão disponíveis para compra no site vendasonline.editora.ufpa.br.

Saramago ontem, hoje e sempre - Para encerrar o colóquio internacional, a historiadora, antropóloga e professora da USP Lilia Schwarz proferiu a conferência “A Procura do Outro: lições de cidadania ativa”. Na apresentação de Lilia Schwarcz, Pilar del Río afirmou que o colóquio celebra alguns dos gigantes da literatura e que, apesar de faltar o vocábulo feminino para muitas palavras, gostaria de chamar a antropóloga de “giganta” pelo seu trabalho como pesquisadora, escritora, editora e também amiga que foi de José Saramago.  

11Na conferência, Lilia ressaltou a importância do Brasil na obra do escritor e, sobretudo, a importância da obra do autor para refletir sobre ideais civilizatórios no Brasil hoje. Para ela, Saramago trabalha muitos temas fortes, entre os quais, a vigilância ativa no cumprimento da cidadania e o incentivo a não naturalização do absurdo. Destacou a atualidade da obra do autor para pensar o Brasil, tomando como referência especialmente o romance Todos os Nomes, de José Saramago, que, com Ensaio sobre a Cegueira e A Caverna, forma uma trilogia da abordagem do autor sobre a fraqueza do ser humano e a necessária reação da sociedade civil diante de regimes autoritários.

“Dentre os desafios contemporâneos, nossos [cidadãos] e de José [protagonista ficcional de Todos os Nomes], estão: repactuar a democracia, combater as desigualdades, a fome, o racismo estrutural e institucional, promover a capacidade de indignar-se com e questionar as injustiças”, afirmou Schwarcz.

Ela ainda lembrou que, no ano em que o Brasil celebra 200 anos de independência política, devemos marcar a data do 7 de setembro não apenas como efeméride, mas também como um chamado para rememorar o passado e tomar atitudes no presente que possam impactar em um futuro com mais respeito aos direitos humanos e maior inclusão. “Viva o ceticismo do cidadão José Saramago, viva a todos os Josés, viva a democracia e viva Pilar, que tem esse papel tão importante de preservar a memória saramaguiana!”, concluiu.

2Avaliação - O reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho, avaliou o colóquio como um grande presente à comunidade da universidade: “Nesses dias, estivemos imersos em diálogos sobre literatura, política e cidadania, e pudemos nos alimentar com o legado de crítica social e de valores humanistas de José Saramago. A presença de Pilar del Río e Carlos Reis entre nós foi motivo de enorme alegria para toda a nossa comunidade e uma oportunidade única de diálogo. Foi uma grande honra para a Universidade Federal do Pará realizar este evento, reunindo pessoas muito especiais e prestando homenagem a um dos pensadores mais talentosos e importantes do nosso tempo”, celebrou.

Pilar del Río revelou sentir-se muito emocionada. “Foram três dias de muita inteligência, reflexões preciosas, que têm a ver com o passado, com a literatura e também com este nosso presente e com um final absolutamente feliz, a partir de uma reflexão que nos afeta tanto na literatura como na nossa condição humana”, ressaltou. Sobre o pré-lançamento de A intuição da Ilha, a autora observou ter sido esta a primeira apresentação do livro, ainda não lançado em Portugal. “Fiquei muito comovida por tanto interesse, por ver tantas pessoas que queiram ler e falar sobre Saramago, porque é um livro que fala sobre Saramago, não fala sobre mim, e gosto disso”.

3O curador Carlos Reis manifestou ter testemunhado, no colóquio internacional na UFPA, a formação de uma atmosfera de participação, entusiasmo e alegria de jovens estudantes. “Isso é uma coisa que traz muita satisfação para quem é, como fui, curador. Penso que o colóquio cumpriu o seu programa, isto é, as três palavras: “palavra, pensamento, ação”, criando uma relação entre os textos do Saramago e seu pensamento, que resulta em termos de ação em nosso dia a dia, na vida social. Quanto às comemorações, esta é certamente uma das grandes realizações no plano acadêmico do Centenário de José Saramago”, comemorou.

Centenário - Além do colóquio internacional em celebração ao Centenário de José Saramago, a UFPA ainda realizará, no Theatro da Paz, no dia 16 de novembro de 2022, data dos 100 anos de nascimento do homenageado, um concerto da Orquestra Sinfônica Altino Pimenta, da Escola de Música da UFPA, regida pelo maestro Miguel Campos Neto. Integrarão também o espetáculo a solista Dione Colares e o Coro Universitário da UFPA (Coruní), regido pela maestra Cristina Owtake, da Faculdade de Música da UFPA.

No hotsite centenariosaramago.ufpa.br, é possível encontrar, entre outros conteúdos, detalhes dos eventos comemorativos do centenário na instituição e o histórico dos diálogos estabelecidos pela Universidade com a Fundação José Saramago.

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Texto: Jéssica Souza - Ascom UFPA
Fotos: Alexandre de Moraes - Ascom UFPA e Otavio Henriques/Cláudio Ferreira, a serviço da UFPA.

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